Perdida num mar de rostos, caminhando sozinha no meio da multidão, segue Helena seu caminho de sempre... Sempre sozinha.
Procurando não achar aquilo que teme, escondendo dentro de si seus sonhos, desejos, escondida em seu Universo paralelo, segue Helena...Sempre sozinha.
Um rosto na multidão, sangrando silenciosamente sua dor. Ninguém nota, ninguém vê ou finge não ver.
Assim como deve ser, assim o é. Sempre foi...
Durante anos lutou consigo mesma em desenfreada loucura por ser feliz, apostou alto... Perdeu.
Delírios, delícias de uma sonhadora nata.
Como encontrar dentro de si, aquilo que nunca existiu? A sua felicidade.
Por isso, Helena vencida pelo cansaço do dia-a-dia, da mesmice, da monotonia em que ela mesma transformou sua vida, se cala e segue... Sempre sozinha.
Andar pelas ruas cinzentas de chuva ou douradas de sol, não a faz ver as cores que desnudam diante de seus olhos, ela já não consegue distinguir nada além da solidão que cavou com suas próprias mãos, enterrada em seu coração, sua alma.
Solidão a dois, solidão em grupo, solidão que arde, queima, corrói seus pensamentos, seus dias eternos nas noites insones diante de um livro, de uma imagem, do tudo e do nada que não define a sua dor. Apenas dói.
Onde Helena se perdeu de si mesma? Nem mesmo ela saberia definir, contudo, não foi da noite para o dia, nada acontece da noite para o dia. Descuido? Talvez, na verdade pode ter sido intencionalmente casual, quem sabe?
O fato, é que agora já não pode mais esconder de si mesma sua realidade, envelhece a cada dia, amargurada por ter desperdiçado momentos de precioso desleixo, de generosa falta de responsabilidade em fazer aquilo que deveria ter feito ou não o fazer.
Tarde demais para voltar atrás, agora segue... Sempre sozinha.
O que houve com seus 20 e poucos anos jogados no vazio que virou sua vida? Onde foram parar as ideias, os ideias, as risadas, as brincadeiras, a turma que sempre rodeava a jovem de movimentos leves, graciosos, corpo delgado e os sonhos de uma vida de muitas alegrias? Certamente no limbo para onde seguem tudo aquilo que não se vive a cabo, que se deixa para ser vivido depois, mas o tempo não espera por ninguém, nem mesmo por ela que achou ter todo o tempo do mundo.
Cadê a menina alegre que assobiava com seus cabelos longos soltos, que brincando os jogava ao vento? Seguiu para esse limbo, juntamente com as perspectivas de tudo que ela mesma desperdiçou. Irresponsável! Hoje chora sua alma em dor silente, calejada pelo orgulho, pelas marcas que a vida lhe deu.
Agora, essa mulher ou que restou dela, segue nesse mar sem identifacação, com cabelos contidos num penteado sóbrio, com postura de mulher madura, envelhecida e leva pacotes, bolsas, embalagens, procura fazer ginástica- antes feita em academias- para estender seu orçamento apertado, ignorando olhares, comentários e zombaria que fazem ao seu respeito, exceto um amigo que a vê através de sua alma e consegue captar a essência do ser que ela não mais enxerga, pois já não se importa mais com sua aparência, que antes a preocupava tanto.
Sem luxo, nem vaidades, um ser andrógeno, uma ícógnita... Ela já se esqueceu de ser a pessoa um dia foi.
Sem luxo, nem vaidades, um ser andrógeno, uma ícógnita... Ela já se esqueceu de ser a pessoa um dia foi.
Então, caminha Helena, segue e se aquieta, aquieta sua alma. Cala e silencia sua dor, ninguém se importa com isso...
Suri.
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Shukram Fatimah Kareema